segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ruta 40 e Cueva de las Manos

Dia 18 (30/01/2012) - Muita Ruta 40 e Cueva de las Manos

Acordamos cedo, saímos às 8h e pegamos a Ruta 40 em direção norte, para a cidade de Perito Moreno, após comprar empanadas e sanduíches de miga e abastecer a van. Sabíamos que enfrentaríamos um dos dias mais difíceis de viagem, pois a distância a percorrer era grande em uma estrada totalmente deserta e com poucos trechos de asfalto.

Realmente foi assim! Como há obras na ruta 40, alguns trechos estavam pavimentados, mas andamos muito em terreno difícil, irregular, cheio de cascalho solto, o que dificultava a viagem. Lá pelas tantas, no painel do carro acusou um problema no freio ABS. O Ricardo percebeu que um caninho havia se soltado embaixo do carro. Paramos para um pequeno enjambre, feito com uma cordinha amarrada. A estrada era deserta mesmo, uma vastidão muito seca e um vento muito forte. Muita poeira...Víamos muitos e muitos bandos de guanacos, chegamos a parar para fotografar dois filhotes de raposa, filhotes de perdiz e também, mais adiante, uma ema que corria na estrada com seus 12 filhotes.

  As paisagens pitorescas, de pouca e rasteira vegetação, horizonte reto, de cores terrosas, onde por vezes apareciam lagos de um azul muito intenso, indescritível. Pegamos uma estrada que fazia um atalho, a ruta 29, que também não era pavimentada. Ao pararmos para confirmar nosso caminho, um topógrafo que trabalhava na estrada afirmou que estávamos na direção contrária e quase nos confundiu, não fosse outro motorista de uma caminhonete que nos deu a informação correta. Apenas uns 3 ou 4 carros passaram por nós nestas estradas. Nenhum carro pequeno, somente vans ou caminhonetes.



Havia também dois "loucos" - um era de Chapecó/ SC, o outro parecia europeu - que estavam de bicicleta, indo em direção sul, contra o vento! Totalmente empoeirados, cansados e famintos. Pareciam também um tanto perdidos, não tinham noção de que estavam muito longe de qualquer lugar civilizado...demos a garrafa grande de água e dois sanduíches que nos sobravam a eles. Eles vinham de Villa O'Higgins no Chile e com aquele vento todo disseram que não estavam fazendo mais de 5km por dia e estavam parando para começar a pedir carona.

Logo depois, o painel da van acusava que o motor superaquecia. Paramos e constatamos mais um problema - radiador seco, com a bateção da estrada de chão a mangueira do radiador embaixo do carro se soltou, por sorte foi só encaixá-la novamente. Como tínhamos dado a maior garrafa de água aos ciclistas, nos sobrava apenas uma de 500ml pela metade. Conseguimos andar mais uns poucos km e paramos novamente, até passarem duas mulheres num jeep que nos deram um litro de água mais ou menos. Com isto conseguimos chegar até um pequeno riozinho e encher o radiador. Nem é preciso dizer que o banheiro foi ao ar livre neste dia, né?!!! Foi uma festa quando chegamos no trecho de asfalto e logo em seguida a Bajo Caracoles, que é o único povoado na beira deste enorme trecho e onde existe uma "venda", ou armazém dos antigos, onde se pode comprar uma bebida, um lanche, perfumaria, ir ao banheiro, abastecer (às vezes não tem combustível...), comprar facões, montaria e esporas. É isto mesmo! Todo o comércio concentrado na mesma casa antiga à beira da estrada. Todos os viajantes param quase que obrigatoriamente ali. Havia um grupo de motoqueiros de Brasília.

Saímos em direção a Cueva de las Manos, monumento de interesse histórico Cultural, tombado pela UNESCO. Mais estrada de chão batido. Chegamos exatamente às 17h, a tempo de acompanhar o grupo que estava saindo com uma guia do local. A paisagem é única - dentro do grande cânion do rio Pinturas, há um sítio arqueológico que conserva impressões de mãos e outras pinturas rupestres feitas desde há 8 mil anos atrás, pelos povos nômades primitivos. Aprendemos que várias gerações usaram estes locais, deixando manifestações com registros sobrepostos em alguns lugares e também, por serem povos caçadores nômades, que existem registros parecidos por toda esta região. Do outro lado da fronteira com o Chile também ha um sítio arqueológico assim, com pinturas de mãos.



Resolvemos ir até Los Antiguos, que seria já na fronteira com o Chile, para dormir. Talvez não tenha sido uma boa ideia, pois demoramos para conseguir um hotel, que foi meia boca e caro, para o que oferecia. Pelo menos o banho era bom e tinha calefação, estava muito frio. Jantamos em um restaurante na mesma avenida do hotel, que é a avenida principal e leva à fronteira. Jantamos massas e milanesas no Rest. Viva el Viento, aliás, muitas coisas por lá tem em seu nome a palavra "vento", deve ser sempre ventoso mesmo. Como muitos lugares na volta, como o nosso "ex-hotel argentino", não aceitam cartão tivemos que fazer uma negociata com o dono do restaurante que passou um cartão e nos deu dinheiro ao vivo e a cores para pagarmos a hospedagem.

Los Antiguos tem muitos canteiros de flores, especialmente grandes rosas, muito coloridas, é conhecida como a cidade das cerejas e fica à beira do Lago Buenos Aires, que é enorme, muito azul e, como tinha muito vento, havia ondas bem grandes. Uma das atrações do local é a colheita destas frutinhas, além de framboesas e moranguinhos.

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