quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Carretera Austral

Dia 19 (31/01/2012) - Carretera Austral
Café da manhã razoável, sem medialunas :( Às 8h30 já estávamos na aduana argentina. Os trâmites de fronteira demoraram um pouco, especialmente na entrada do Chile, em função de escanear bagagens, revista no carro, mas foi tudo bem. Estão menos rigorosos em relação aos produtos alimentícios atualmente. Passamos com salmão defumado, chocolates, alfajores, geleia, apesar de estar evidenciado em grandes cartazes que não eram permitidas carnes defumadas, produtos alimentícios frescos ou industrializados, etc.

A cadeia de montanhas sul dos Andes estava visível com muitos picos nevados. A cidade de Chile Chico, do lado do Chile, é simpática. Subimos um mirador que tem uma vista para todo o povoado e tb para o lago, que é o mesmo, mas muda de nome, no Chile é chamado de General Carrera e na Argentina, de Buenos Aires.

O lago é muito azul turquesa, a estrada que pegamos margeava quase toda sua extensão e tinha muitas atrações pelo caminho. Era a parte sul da famosa carretera austral. A vegetação já havia mudado totalmente, da aridez do dia anterior para os verdes bosques, as montanhas nevadas e os vales profundos ao redor do lago. A estrada de ripio em geral não era boa, mas lin-dís-si-ma! Como chovia e parava e voltava a chover um pouco, ao longe vimos muitos arcos-íris durante o dia. Compramos pães caseiros, maionese, presunto e queijo em fatias e alguns torrones em um dos únicos estabelecimentos que passamos ao longo de todo o dia. Os sanduíches foram montados no carro mesmo, rolou um chocolate de sobremesa, os torrones, água e mate.

Às 15h30 chegamos à localidade de Puerto Rio Tranquilo, de onde alugamos um pequeno barco para ir até a maior atração deste trecho da carretera: as capelas de mármore. São esculturas naturais que a água do lago fez em pedaços enormes de mármore, alguns deles em ilhas, formando assim, grutas, covas e buracos arredondados com cores diversas, matizadas do branco, róseos, marrom e esverdeados. Pagamos 5mil pesos chilenos p/p. A Débora não topou porque estava muito frio e ventoso, então, pela primeira vez, conseguiu ter tempo para atualizar este diário. Depois de 1h30 se molhando e passando frio, os 7 turistas voltaram felizes com o que viram, mas a Mônica alterou sua opção no item "maior medo" no ranking da viagem.

Foi mais um dia exaustivo dentro do carro, chacoalhando pelas estradas de chão em lugares um tanto isolados. A van está literalmente se desmanchando, tiveram que retirar um apara barro que quebrou, estamos carregando no porta malas. Não sei como será a entrega à locadora.... Pegamos sanduíches calientes e uma coca-cola para continuar viagem de novo.


No caminho ainda vimos uma linda ponte pêncil, de ferro cor de laranja, que contrastava com o turquesa da água do rio. Daí em diante veríamos inúmeras pontes pintadas de laranja, a maioria de ferro. Já haviam algumas propriedades rurais, gado, ovelhas, cavalos, cachorros. Muitas áreas tem vestígios da grande erupção do vulcão Hudson (o qual estávamos contornando durante todo o dia) de agosto de 1991.

Vimos bosques destruídos, lagos que se formaram, etc. Eram 20h30 e ainda não estávamos no asfalto, tão esperado por todo o dia. Do começo do asfalto, em Cerro Castilho, até Coihaique, que era o destino do dia, ainda havia mais 100km para percorrer, felizmente em ótima estrada pavimentada, mas da mesma forma deserta. Às 21h faziam 8 graus fora do carro. Chegamos muito tarde em Coyhaique, que é a capital da região e estava lotada. Após procurarmos muito, olharmos muquifos, acabamos ficando num excelente 4 estrelas, que foi pouco aproveitado, só deu tempo de tomar banho e dormir.


 Dia 20 (01/02/2012)
Após um café da manhã mais ou menos, saímos pela carretera austral em direção norte, novamente. Andamos por 160km de asfalto e depois, só estrada de chão. Foi outro dia cansativo, viagem e viagem. Durante toda a viagem cruzamos por mtos mochileiros, motociclistas, mas na carretera austral havia um número muito grande de ciclistas com suas grandes mochilas, pedalando montanha acima, montanha abaixo, em duplas ou sozinhos e também famílias com crianças.

Cruzamos o Parque Nacional Queulat que é bastante úmido, florstas fechadas, onde a estrada sobe e desce em ziguezague pelas montanhas. Na parte mais baixa do parque paramos para caminhar até a laguna Tempanos, de onde avistamos o famoso Ventisqueiro Colgante.

Lanchamos ali e seguimos, passando por Puyuhuapi, localidade muito simpática, de imigrantes alemães, à beira de uma entrada do Oceano Pacífico. Aproveitamos para abastecer.




Deixamos a carretera austral para pegar uma outra estradinha, tb de chão batido, até Futaleufú, fronteira com a Argentina, trajeto lindo, entre os Andes, lagos, pequenas propriedades. À beira do caminho, por toda a Patagônia, os brincos de princesa vermelhos (uma espécie simples, com folhas pequenas escuras) emolduram os caminhos e especificamente nesta parte, além destes e várias outras flores silvestres, há muita rosa mosqueta na estrada. A rosa mosqueta no verão já perdeu suas pétalas e o fruto, quando maduro, entre março e maio, será colhido para fazerem geleias e chás, além de usarem as sementes para óleos e cosméticos. O trâmite de fronteira não demorou. É evidente a barreira que os Andes representam nesta parte da América, pois assim que se cruza as grandes montanhas o clima se torna mais seco, a vegetação também e, aos poucos aparecem os campos e fazendas. Conseguimos uma boa pousada em Trevelin, que é uma pequena e acolhedora cidade, com ruas limpas e largas, muitas flores nos canteiros. Uma curiosidade é a imigração galesa e as várias casas de chá . Jantamos e dormimos bem.

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