Café da manhã razoável, sem medialunas :( Às 8h30 já estávamos na aduana argentina. Os trâmites de fronteira demoraram um pouco, especialmente na entrada do Chile, em função de escanear bagagens, revista no carro, mas foi tudo bem. Estão menos rigorosos em relação aos produtos alimentícios atualmente. Passamos com salmão defumado, chocolates, alfajores, geleia, apesar de estar evidenciado em grandes cartazes que não eram permitidas carnes defumadas, produtos alimentícios frescos ou industrializados, etc.
A cadeia de montanhas sul dos Andes estava visível com muitos picos nevados. A cidade de Chile Chico, do lado do Chile, é simpática. Subimos um mirador que tem uma vista para todo o povoado e tb para o lago, que é o mesmo, mas muda de nome, no Chile é chamado de General Carrera e na Argentina, de Buenos Aires.
O lago é muito azul turquesa, a estrada que pegamos margeava quase toda sua extensão e tinha muitas atrações pelo caminho. Era a parte sul da famosa carretera austral. A vegetação já havia mudado totalmente, da aridez do dia anterior para os verdes bosques, as montanhas nevadas e os vales profundos ao redor do lago. A estrada de ripio em geral não era boa, mas lin-dís-si-ma! Como chovia e parava e voltava a chover um pouco, ao longe vimos muitos arcos-íris durante o dia. Compramos pães caseiros, maionese, presunto e queijo em fatias e alguns torrones em um dos únicos estabelecimentos que passamos ao longo de todo o dia. Os sanduíches foram montados no carro mesmo, rolou um chocolate de sobremesa, os torrones, água e mate.
No caminho ainda vimos uma linda ponte pêncil, de ferro cor de laranja, que contrastava com o turquesa da água do rio. Daí em diante veríamos inúmeras pontes pintadas de laranja, a maioria de ferro. Já haviam algumas propriedades rurais, gado, ovelhas, cavalos, cachorros. Muitas áreas tem vestígios da grande erupção do vulcão Hudson (o qual estávamos contornando durante todo o dia) de agosto de 1991.
Vimos bosques destruídos, lagos que se formaram, etc. Eram 20h30 e ainda não estávamos no asfalto, tão esperado por todo o dia. Do começo do asfalto, em Cerro Castilho, até Coihaique, que era o destino do dia, ainda havia mais 100km para percorrer, felizmente em ótima estrada pavimentada, mas da mesma forma deserta. Às 21h faziam 8 graus fora do carro. Chegamos muito tarde em Coyhaique, que é a capital da região e estava lotada. Após procurarmos muito, olharmos muquifos, acabamos ficando num excelente 4 estrelas, que foi pouco aproveitado, só deu tempo de tomar banho e dormir.
Dia 20 (01/02/2012)
Após um café da manhã mais ou menos, saímos pela carretera austral em direção norte, novamente. Andamos por 160km de asfalto e depois, só estrada de chão. Foi outro dia cansativo, viagem e viagem. Durante toda a viagem cruzamos por mtos mochileiros, motociclistas, mas na carretera austral havia um número muito grande de ciclistas com suas grandes mochilas, pedalando montanha acima, montanha abaixo, em duplas ou sozinhos e também famílias com crianças.
Deixamos a carretera austral para pegar uma outra estradinha, tb de chão batido, até Futaleufú, fronteira com a Argentina, trajeto lindo, entre os Andes, lagos, pequenas propriedades. À beira do caminho, por toda a Patagônia, os brincos de princesa vermelhos (uma espécie simples, com folhas pequenas escuras) emolduram os caminhos e especificamente nesta parte, além destes e várias outras flores silvestres, há muita rosa mosqueta na estrada. A rosa mosqueta no verão já perdeu suas pétalas e o fruto, quando maduro, entre março e maio, será colhido para fazerem geleias e chás, além de usarem as sementes para óleos e cosméticos. O trâmite de fronteira não demorou. É evidente a barreira que os Andes representam nesta parte da América, pois assim que se cruza as grandes montanhas o clima se torna mais seco, a vegetação também e, aos poucos aparecem os campos e fazendas. Conseguimos uma boa pousada em Trevelin, que é uma pequena e acolhedora cidade, com ruas limpas e largas, muitas flores nos canteiros. Uma curiosidade é a imigração galesa e as várias casas de chá . Jantamos e dormimos bem.
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